Cuidado diário, passeios e brincadeiras: entenda como os pets podem ajudar a melhorar saúde mental dos tutores
12/12/2024
Moradora de Sorocaba (SP) encontrou nas duas cachorrinhas a força necessária para passar por um quadro de depressão. Ao g1, psicóloga reforça que rotina de cuidados ajuda a combater a anedonia, que é a incapacidade de sentir prazer ou satisfação em atividades que normalmente seriam agradáveis Leona e Amora, cachorrinhas adotadas e que transformaram a vida de Thayane
Arquivo Pessoal
Chegar em casa após um dia estressante e ser recebido por um animalzinho à espera de carinho pode ser a melhor parte do dia para muitas pessoas. É o caso de Thayane Gabrielli Muniz dos Santos, uma jovem de 25 anos, que mora em Sorocaba (SP) e, graças aos seus dois cães, conseguiu lidar com um quadro de depressão.
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Thayane conta que começou uma terapia intensiva para conseguir lidar com seus problemas emocionais. Durante esse processo, ela abriu um petshop de banho e tosa e adotou duas cachorrinhas, Amora e Leona. A jovem relata que lidar diariamente com os animais fez com que seu quadro psicológico tivesse uma melhora significativa.
"Quando perdi a minha primeira cachorrinha, eu me sentia muito sozinha em casa, porque eu tinha só a minha gatinha, que não gosta de carinho. Por isso eu acabei adotando a Leona, e um ano depois, a Amora. Elas tiveram um impacto muito significativo na minha vida", relembra.
No começo, quando Thayane recebeu o diagnóstico de depressão, ela não tinha forças para executar tarefas do dia-a-dia e nem mesmo sair de casa. As cachorrinhas acabaram servindo como um impulso para ela.
"Às vezes, quando eu via a carinha da Leona, eu ficava pensando: 'poxa, eu posso não ter vontade ou ânimo de fazer nada, mas eu sei que elas gostam de passear'. Eu sei que elas gostam de sentir cheirinho de algo novo, então elas me incentivavam a sair para brincar e passear com elas", conta.
Thayane ama tanto os animais que abriu um petshop de banho e tosa
Arquivo Pessoal
A psicóloga Luciane Soriano, que também mora em Sorocaba, explica que os animais podem, de fato, melhorar o quadro de pacientes que desenvolvem uma tendência ao isolamento ou que perdem a vontade de executar tarefas diárias básicas. Segundo ela, eles ajudam o tutor a reestruturar uma rotina, consequentemente melhorando a saúde emocional do paciente.
"Os animais podem oferecer propósito e motivação essenciais para pessoas com sofrimentos emocionais, como a depressão. O cuidado diário com um pet, como alimentar e garantir seu bem-estar, cria uma responsabilidade que ajuda a combater a anedonia, que é a incapacidade de sentir prazer ou satisfação em atividades que normalmente seriam agradáveis'', detalha.
Thayane contou ao g1 que começou a notar mudanças positivas seu quadro de depressão desde que adotou suas duas cachorrinhas. "Eu fui reparando nas melhoras do meu humor, na minha vontade de sair, na minha vontade de fazer algo por elas e, consequentemente, por mim. As cachorras tiveram uma missão incrível na minha vida, porque elas vieram do nada e mudaram completamente minha rotina", conta.
A jovem afirma que ainda se sente sozinha, mas Amora e Leona acabam amenizando essa sensação. "Às vezes, quando eu estou me sentindo sozinha e triste, eu sento com elas e as faço carinho. Com isso eu já me sinto mil vezes melhor. Sou apaixonada por elas", reforça.
A psicóloga Luciane Soriano mora em Sorocaba (SP)
Arquivo Pessoal
Segundo a psicóloga, o simples ato de acariciar ou brincar com um pet pode diminuir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
"Estudos na psicologia mostram que os animais têm o poder de reduzir o estresse, a ansiedade e a solidão, criando uma conexão emocional única que favorece o bem-estar. Quando um tutor interage com seu pet, o cérebro libera oxitocina, o 'hormônio do amor', criando uma sensação de segurança e felicidade. Esse vínculo cria uma rede de apoio emocional", diz.
"Os animais são grandes aliados, especialmente no combate à solidão, ansiedade e depressão. Sua presença oferece amor incondicional e companhia constante, criando uma conexão emocional que alivia o vazio e a angústia. Além de diminuir os níveis de cortisol, interagir com os animais também aumenta os neurotransmissores da 'felicidade' como a serotonina", continua.
🐶 De casa para o trabalho
Interior do petshop de Thayane, inaugurado em maio deste ano
Arquivo Pessoal/Thayane
A transformação que Leona e Amora fizeram na vida de Thayane foi tão grande que a jovem decidiu abrir um petshop de banho e tosa em maio deste ano.
"Tem três cachorros que vem correndo na minha direção e pulam no meu colo toda vez que eu vou buscar eles. Uma das cachorrinhas não anda, mas ela vem se arrastando até mim. Não tem como eu olhar para essa situação e não me sentir amada", conta.
Thayana conta que o momento do banho a possibilita estabelecer uma conexão com cada um dos animais, seja brincando ou conversando durante o procedimento.
"Quando eu faço a tosa em um cachorro, consigo perceber a diferença na feição dele, o alívio por ter se livrado daquela capa de pelo, de poder respirar e andar melhor. Eu cuido dos bichinhos com muito amor, muito carinho e muita paciência", garante.
''Os animais fazem com que eu me sinta necessária. É satisfatório o amor que a gente recebe deles, é incrível, é surreal. Você consegue ver o amor e carinho no olhar, eu me sinto amada por cada um dos pets que eu atendo. É muito gratificante trabalhar com isso''.
Além de contribuir no combate à tristeza, Luciane explica que a convivência com os animais também ajuda os tutores a desenvolverem mais paciência e tolerância, o que pode ser aplicado à outras áreas da vida.
Mas, apesar da presença de um pet ser terapêutica, a profissional reforça que, para um tratamento completo da saúde mental, é de extrema importância que o paciente busque ajuda, como na psicoterapia.
"A psicoterapia ajuda a entender e a lidar com as causas profundas da ansiedade, depressão ou solidão, oferecendo ferramentas para o autoconhecimento e o fortalecimento emocional. Quando combinada com o apoio dos animais de estimação, essa abordagem proporciona um cuidado integral, promovendo melhora significativa para o bem estar", finaliza.
🐈 Animais exigem responsabilidade
Mel e Mei, as gatinhas de Thayane
Arquivo Pessoal
Os animais são capazes de ajudar as pessoas em momentos difíceis, mas é importante entender que a presença deles requer muita responsabilidade. Os tutores precisam cuidar da alimentação, medicações, exames veterinários, entre outras tarefas.
"Quando você adquire um animalzinho, você passa a ter mais um membro na família, que exige muitas responsabilidades. Além de se preocupar com ele mesmo, o tutor também tem que se preocupar com o animal", alerta a médica veterinária Vanessa Batista.
A profissional ainda destaca que a higiene, tanto do ambiente quanto a do bichinho, é um dos principais pontos relacionados ao bem-estar de todos os animais, independente da espécie.
"Se você tem um pet, você precisa organizar a sua rotina para que você consiga manter os hábitos de higiene. Se é um pet peludo, precisa manter o banho e tosa em dia. Se é um pássaro, as unhas e o bico costumam crescer, sendo necessário que um especialista realize o corte", diz.
"Então, ao adquirir um pet, é importante buscar saber quais os cuidados que determinada espécie precisa, para que, assim, seja garantido o bem-estar do animal", finaliza.
Médica veterinária de Sorocaba (SP), Vanessa Batista
Arquivo Pessoal
*Colaborou sob supervisão de Eric Mantuan
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